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“Marketing Quântico” — um título infeliz para um livro que merece ser lido

  • Foto do escritor: João Riva
    João Riva
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura

Se você olhar apenas para a capa e o título, pode torcer o nariz. Marketing Quântico soa como mais um daqueles títulos marqueteiros, criados para vender pela promessa de inovação disruptiva, mas que muitas vezes entregam mais do mesmo. E, sinceramente, o nome realmente não ajuda. Diminui a credibilidade do conteúdo e pode afastar justamente quem mais se beneficiaria da leitura: o profissional de marketing estratégico, atualizado e atento às transformações do setor.



Mas, superado esse primeiro impacto, o conteúdo surpreende.


O autor, Raja Rajamannar, é Chief Marketing Officer global da Mastercard. E isso já diz muito. Ele traz para o livro não apenas sua experiência prática no comando de uma das marcas mais valiosas do mundo, mas também um forte embasamento teórico. O livro é recheado de referências — estudos acadêmicos, reportagens, cases — que não estão ali por acaso. Ele constrói seus argumentos com base sólida, algo raro em publicações da área que muitas vezes se apoiam apenas na vivência pessoal ou em cases soltos.


A primeira metade do livro é, de fato, o ponto alto. Rajamannar fala sobre o que ele chama de marketing do futuro — que, na prática, já é presente em muitas empresas. Inteligência artificial, blockchain, uso estratégico de dados, automação, novos formatos de comunicação e até o papel das marcas em uma sociedade cada vez mais conectada e exigente. Não se trata de fazer previsões místicas: ele não tenta adivinhar o futuro, mas sim mostrar caminhos possíveis, baseados em tudo o que já estamos vendo emergir.


Essa parte do livro provoca reflexões importantes. Onde estamos e para onde vamos como profissionais de marketing? O que realmente muda em nossas estratégias quando entramos de vez na era da tecnologia e dos dados? Como as marcas podem — e devem — se posicionar nesse novo cenário?


A segunda metade, no entanto, perde força. Como acontece com muitos livros da área, parece que houve a necessidade de “encher linguiça”. Rajamannar acaba retornando a conceitos mais básicos do marketing, com uma abordagem mais superficial, voltada talvez para quem ainda está começando na área. Nada contra conteúdos introdutórios — eles são importantes —, mas, depois de uma primeira parte tão provocadora, o ritmo e a profundidade caem. Para quem já vive o marketing no dia a dia e acompanha as principais tendências, essa parte soa repetitiva e previsível.


Conclusão?

Marketing Quântico é um livro que vale a leitura — especialmente os primeiros capítulos. Se você é um profissional já antenado com o que está acontecendo no mundo, vai encontrar provocações úteis e insights consistentes sobre o futuro da área. Se está começando no marketing agora, talvez goste ainda mais do livro como um todo.


Só não se deixe enganar pelo nome.

 
 
 

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